Quando começamos um processo de terapia a gente pode sentir dificuldade de se implicar na relação terapêutica. O que posso ou não falar? Vai soar estranho se eu dizer que sinto ou penso tal coisa? Aliás, como faz pra reconhecer o que penso e sinto? Como cheguei no lugar que estou e quão bizarro soa falar isso em voz alta?
Veja bem, mais do que buscar respostas pra essas perguntas o processo terapêutico se dá em refletir de onde vieram essas perguntas. O teor das nossas perguntas já dizem muito da gente, não é mesmo?
Nossos medos mais profundos
E umas das coisas que não passa batido pra muita gente é quanto medo existe detrás de uma necessidade doida de ser aceite no mundo.
A busca da aceitação causa tanta dor e sofrimento em muitas pessoas. Não é fácil aprender ao longo das nossas vivências que atender e frustrar expectativas alheias em si pode significar tudo e nada.
Entre ter empatia (sentir no lugar de outra pessoa mesmo sem ser essa pessoa) e concluir de súbito que o meu lugar pode ganhar espaço na falta do outro existe uma distância enorme. Empatia é entender-se como parte de uma realidade em seu todo sem perdermos de vista a totalidade do nosso ser.
Autoestima é permitir ser história
Não apagamos o que já foi vivido. Ao reconhecermos momentos em que aprendemos que decepcionar outras pessoas tem consequências ,a gente passa a ter a possibilidade de entender o que foram condições postas em um certo momento da vida e o que poderia ter sido diferente. Partimos do que acumulamos de memória de nossa história, atribuindo significados e sentidos novos pra experiências com mesmas dinâmicas que ocorrem em outros momentos.
A partir dai, vamos tendo consciência de que o mesmo frustrar alguém pode significar tanta coisa a depender do contexto da relação com cada pessoa. Não transformamos situações da água pro vinho. Aprofundamos os diferentes aspectos dentro de um processo de construir vínculo com algo ou alguém para ver exatamente a mesma relação de um jeito muito mais complexo e enriquecido que antes, tornando a gente pessoas mais complexas e enriquecidas também e consequentemente enriquecendo o nosso viver.